sábado, 29 de agosto de 2009
sábado, 22 de agosto de 2009
Vimo-nos todos presos. Entreolhávamos. Nunca me senti tão incapaz. E o desespero era iminente. Não havia saída. A única escapatória que parecia possível, bem ali ao lado, era ilegal. O sangue corria, incitando-me. E, olhando para eles, via que a tentação não era exclusiva. Disfarçávamos. A vontade de desistir só aumentava. Mas meu corpo, meus impulsos, quedavam-se inertes. Entregar-me pareceu mais razoável. O dispêndio de energia, àquela altura, seria bem menor, se eu fosse até o fim. E assim o fiz. Rendida, ali permaneci. Permanecemos, por horas. Cada pequeno movimento reiniciava o ciclo de espera, de angústia. Numa tentativa desesperada de me distrair, comecei a observar os trejeitos alheios. Mãos na testa, no nariz, suspiros. Um deles teve o privilégio de se levantar, e se pôs a lavar as mãos. Me veio a ânsia de fazer o mesmo. Mas não pude, pois nem água para beber eu tinha. Recomecei a observar, as pessoas, a respiração, os segundos. E então, dei-me conta. Aqueles pequenos movimentos de antes, começaram a se tornar significativos. O espaço entre nós era maior. E a esperança de finalmente me ver livre, enchia-me os olhos. Movimento, finalmente! De pouco em pouco, aquilo tornava-se menos sufocante. E então, depois de longas horas, a gaiola parecia estar aberta. Aquele gosto, o da liberdade, nunca foi tão doce. Agora eu já poderia até desistir, tinha condições para isso. Mas eu segui em frente. De vidros abertos, coloquei um som agradável, e segui. Rumo ao Fórum Central, para dar início ao meu dia de trabalho.
terça-feira, 18 de agosto de 2009
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Hoje, saindo de casa 10 minutos mais cedo, o delicioso congestionamento matinal teve outra cara. O nosso governador José Serra era quem falava na rádio (me apavorando com a idéia do "Parque Várzeas do Tietê". Medo.), e, distraída, acabei pegando uma faixa diferente. Cheguei mais cedo no meu destino.
Por conta disso, acabei adiantando coisas que não estavam previstas, e o almoço, que deixei pra 5 minutos mais tarde, foi acompanhado por pessoas nada familiares. Sim, só 5 minutos mais tarde. Na volta, não subi com minhas companhias de elevador, e a mulher da "bala gelada de côco" ainda caminhava até o cartório (não, dessa vez não precisei ouvir aquela voz irritante).
Até na hora de ir embora, sair 1 (mísero) minuto mais cedo, por conta dos imprevistos do dia, fez parecer com que o relógio se confundisse no tempo. E antes disso, vi que uma pessoa saía do banheiro. Então é isso, aquela pessoa que não via há séculos sai 1 (mísero) minuto antes de mim.
E aquele trânsito absurdo de todas as noites, hoje não estava lá. Onde estavam as pessoas?
Sistemas complexos e dinâmicos.
A teoria do caos me fascina!
Hoje, saindo de casa 10 minutos mais cedo, o delicioso congestionamento matinal teve outra cara. O nosso governador José Serra era quem falava na rádio (me apavorando com a idéia do "Parque Várzeas do Tietê". Medo.), e, distraída, acabei pegando uma faixa diferente. Cheguei mais cedo no meu destino.
Por conta disso, acabei adiantando coisas que não estavam previstas, e o almoço, que deixei pra 5 minutos mais tarde, foi acompanhado por pessoas nada familiares. Sim, só 5 minutos mais tarde. Na volta, não subi com minhas companhias de elevador, e a mulher da "bala gelada de côco" ainda caminhava até o cartório (não, dessa vez não precisei ouvir aquela voz irritante).
Até na hora de ir embora, sair 1 (mísero) minuto mais cedo, por conta dos imprevistos do dia, fez parecer com que o relógio se confundisse no tempo. E antes disso, vi que uma pessoa saía do banheiro. Então é isso, aquela pessoa que não via há séculos sai 1 (mísero) minuto antes de mim.
E aquele trânsito absurdo de todas as noites, hoje não estava lá. Onde estavam as pessoas?
Sistemas complexos e dinâmicos.
A teoria do caos me fascina!
Manhã de 18/08/2009...
... vozes.. vozes... vozes...
"Obrigada, tenha um bom dia!!!"
... vozes... vozes.. motores... buzinas... vozes... eu quero!... motores... eu quero!... EU QUERO!!!!... vozes... buzinas... me dá um pedaço!!!... vozes... me dá um pedaço!!!... (respiração)... me dá um pedaço!!! ME DÁ UM PEDAÇO!!!!!!!!(respiração)... (respiração)... motores... vozes................................................................."elevador"...... (tum tum, tum tum, tum tum)................................... silêncio................... (tum tum)... silêncio..............................................
E me dei conta de que havia acabado de negar o meu lanche a um mendigo.
"Obrigada, tenha um bom dia!!!"
... vozes... vozes.. motores... buzinas... vozes... eu quero!... motores... eu quero!... EU QUERO!!!!... vozes... buzinas... me dá um pedaço!!!... vozes... me dá um pedaço!!!... (respiração)... me dá um pedaço!!! ME DÁ UM PEDAÇO!!!!!!!!(respiração)... (respiração)... motores... vozes................................................................."elevador"...... (tum tum, tum tum, tum tum)................................... silêncio................... (tum tum)... silêncio..............................................
E me dei conta de que havia acabado de negar o meu lanche a um mendigo.
terça-feira, 11 de agosto de 2009
10/08/2009
Trânsito de sempre. O caminho de todos os dias.
Engraçado, parece que vai no automático. O acelerador já sabe a quanto vai. O volante sabe bem pra onde virar. Até os carros em volta, às vezes me parecem familiar.
O que mudou, bem, o que mudou foram os médicos invadindo a avenida, e parando o trânsito.
O de máscara acenava insistentemente. O que parecia mais novo, sorria, talvez pensando: começamos bem o dia (ou, quem sabe, 'terminamos' bem). O guarda correspondia.
E então, o carro vermelho vem em contra-mão, de encontro a nós, parados, que por longos segundos assistimos àquela apresentação. Claquete '3', todos os carros seguindo em frente!
O som da sirene não ecoava mais no túnel. O barulho das motos já não eram mais tão estridentes. E todos os carros, antes num organizado aglomerado, agora se dispersavam e voltavam ao seu caminho rotineiro.
E eu cheguei ao meu destino, mais certa do que nunca, de que preciso de emoções na minha vida.
Engraçado, parece que vai no automático. O acelerador já sabe a quanto vai. O volante sabe bem pra onde virar. Até os carros em volta, às vezes me parecem familiar.
O que mudou, bem, o que mudou foram os médicos invadindo a avenida, e parando o trânsito.
O de máscara acenava insistentemente. O que parecia mais novo, sorria, talvez pensando: começamos bem o dia (ou, quem sabe, 'terminamos' bem). O guarda correspondia.
E então, o carro vermelho vem em contra-mão, de encontro a nós, parados, que por longos segundos assistimos àquela apresentação. Claquete '3', todos os carros seguindo em frente!
O som da sirene não ecoava mais no túnel. O barulho das motos já não eram mais tão estridentes. E todos os carros, antes num organizado aglomerado, agora se dispersavam e voltavam ao seu caminho rotineiro.
E eu cheguei ao meu destino, mais certa do que nunca, de que preciso de emoções na minha vida.
domingo, 2 de agosto de 2009
Cabeça vazia, oficina do diabo... NOOOT!
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Fácil perceber, relendo blogs e diários antigos, mas insuportável de entender. Porque hoje as palavras já não fluem mais com a facilidade de antes. Elas se perdem em minha mente antes de serem expostas, e então a língua enrola, os dedos 'batucam' o teclado, e volto a me perder em pensamentos distímicos.
O que antes era inspiração, hoje passa despercebido. Não consigo nem mesmo encontrar as lembranças.
Quando a cabeça estava vazia, a memória se mantinha viva. Vovó ainda se fantasiava e me trazia doces. O ócio me consumia, não encontrava uma saída imediata, mas as histórias eram postas num texto honesto, necessário. Na falta do que fazer, eu ainda corria na rua, e machucava os joelhos. Chorava por não conseguir realizar, pela ânsia de viver. Mas logo eu vestia minha jardineirinha cor-de-rosa, e as palavras escorriam. Era em meio a essa oficina que todo o bom começava a se eternizar.
Hoje, quando o cheiro passa depressa, e as vozes são muitos agudos e graves esporádicos, e as pessoas e objetos movem-se incessantemente, e o diabo ainda trabalha... hoje, as lembranças me falham.
Toda a inspiração e idéias que me impulsionam. Inenarráveis. Aprisionadas.
E a vontade de me esparramar em palavras, de vomitar o que me engrandece, de continuar eternizando o que me exalta... ahhhh... sinto que vou explodir!!
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Fácil perceber, relendo blogs e diários antigos, mas insuportável de entender. Porque hoje as palavras já não fluem mais com a facilidade de antes. Elas se perdem em minha mente antes de serem expostas, e então a língua enrola, os dedos 'batucam' o teclado, e volto a me perder em pensamentos distímicos.
O que antes era inspiração, hoje passa despercebido. Não consigo nem mesmo encontrar as lembranças.
Quando a cabeça estava vazia, a memória se mantinha viva. Vovó ainda se fantasiava e me trazia doces. O ócio me consumia, não encontrava uma saída imediata, mas as histórias eram postas num texto honesto, necessário. Na falta do que fazer, eu ainda corria na rua, e machucava os joelhos. Chorava por não conseguir realizar, pela ânsia de viver. Mas logo eu vestia minha jardineirinha cor-de-rosa, e as palavras escorriam. Era em meio a essa oficina que todo o bom começava a se eternizar.
Hoje, quando o cheiro passa depressa, e as vozes são muitos agudos e graves esporádicos, e as pessoas e objetos movem-se incessantemente, e o diabo ainda trabalha... hoje, as lembranças me falham.
Toda a inspiração e idéias que me impulsionam. Inenarráveis. Aprisionadas.
E a vontade de me esparramar em palavras, de vomitar o que me engrandece, de continuar eternizando o que me exalta... ahhhh... sinto que vou explodir!!
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